Descrevem-se similaridades e dicotomias do violão em Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. De um lado, essa cidade que traz, em sua gênese, hierarquias epistemológicas conformadas em avenida circular – Avenida do Contorno – que separa, divide, demarca, silencia e exclui. De outro, o violão que, conforme os espaços de atuação, sofreu mudanças pontuais na sua gramática musical. A partir das biografias de alguns violonistas e professores que contribuíram para a divulgação e a prática desse instrumento, bem como em dados obtidos em entrevistas, tece-se uma trama histórica que revela silenciamentos, diferentes vivências, disputas por poder, espaços de atuação e habilidades diversas. Nos trânsitos desse instrumento em lugar de simbiose, marcado pelo constante jogo entre tradição e modernidade, surge, com o advento do rádio, um violão original, híbrido, composicional. Essa longa trajetória do “pinho de seis cordas” é a motivação para se descrever a vida musical que se formava na capital símbolo da República, procurando entender o ensino/aprendizado e prática/repertório relativos a um dos instrumentos musicais mais populares do Brasil.